sábado, 13 de fevereiro de 2010

METO-ME PARA DENTRO

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(imagem retirada da NET)



Meto-me para dentro, e fecho a janela.

Trazem o candeeiro e dão as boas noites,

E a minha voz contente dá as boas noites.

Oxalá a minha vida seja sempre isto:

O dia cheio de sol, ou suave de chuva,

Ou tempestuoso como se acabasse o Mundo,

A tarde suave e os ranchos que passam


Fitados com interesse da janela,

O último olhar amigo dado ao sossego das árvores,

E depois, fechada a janela, o candeeiro aceso,

Sem ler nada, nem pensar em nada, nem dormir,

Sentir a vida correr por mim como um rio por seu leito.

E lá fora um grande silêncio como um deus que dorme.





(Alberto Caeiro)

Um comentário:

Anônimo disse...

E a vida flui meigamente...